O denso me encanta, e o superficial me distrai, com essa frase começo a falar de pessoas.
Como é bom conversar e conviver com pessoas alegres e espontâneas, que falam tudo a respeito de todas as coisas, manter relações leves e arejadas, descompromissadas e agradáveis. Como é interessante conhecer pessoas novas desfrutar de suas idéias, da beleza de seus gestos e corpos. Como gostamos de nos distrair com estas pessoas.
Por outro lado é encantador conhecer alguém misterioso, ir galgando aos poucos os nichos de sua existência, suas idéias, convicções. Como nos intriga permear as carapuças impenetráveis da alma das pessoas difíceis, daquelas que com muito custo conseguimos arrancar um sorriso, um segredo, uma confissão ou mesmo uma conversa. E quando conseguimos nos deliciamos e saboreamos como uma criança que come chocolate pela primeira vez.
O dilema é que ambos, densos e superficiais, nos matam no cansaço.
Os superficiais e levianos nos fartam com sua alegria instantânea e afeição demonstrada por gestos ternos demais que acabam por se tornar repetitivos e cansativos.
Já os densos e concisos, envoltos em seu indecifrável mistério acabam fechando-se demais, e sendo por muitas vezes prolixos, o que torna-se maçante para quem não está disposto a despender atenção necessária para ler o antigo testamento em aramaico arcaico.
Será da natureza humana esta mudança de sentimento sobre algo que se mantém igual?
Será real a máxima " o que te fazia rir hoje já não tem mais graça"?
Serei eu bipolar?