segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fábula Antiga ( Antônio Feijó (1860-1917))

No principio do mundo, o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão errada
Com pupilas de Lince em olhos de Morcêgo.

Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
Num ímpeto de fúria os seus olhos vasou;
Foi a Demência logo ás feras condenada,

Mas Jupiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou.

Como um pobre que leva um cego pela estrada,
Unidos desde então por invisíveis laços,
Quando o Amor empreende a mais simples jornada
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os passos.
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Ando demente a alguns dias.

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